Homenagem e reconhecimento ao experiente ciclista amazonense 'Seu Almeida'


Raimundo Almeida, atualmente com 73 anos, posa em frente aos muitos troféus e medalhas que conquistou.

Foto: Marcelo Cadilhe

- Matéria Portal ACrítica de 2011 -
Seu Raimundo Almeida é “figura carimbada” em qualquer competição de ciclismo no Amazonas. E possui uma longa história de amor com a modalidade. Aos 71 anos (completados no último dia 14), ele sequer cogita a hipótese de parar de competir. “Tenho o ciclismo no sangue. Não posso e nem penso em parar”, confessa. O ímpeto e a vontade de vencer são tão grandes para o aposentado, que muitas vezes ele acaba competindo em categorias mais jovens. Na manhã de hoje, ele encara 80 quilômetros em uma corrida na cidade de Itacoatiara. “Vou competir entre os corredores de 40 a 50 anos. Se deixar eu chegar, vou para ganhar”, avisa. Alguém duvida que ele consiga?

O segredo da vitalidade do ciclista é simples. “Cuido da alimentação. Não dispenso arroz, feijão e macarrão. Tomo minhas vitaminas e não abro mão das minhas massagens (risos)”, revela o ciclista, que costuma treinar três vezes por semana, pedalando de 60 à 160 km na BR-174 ou na AM-010. Correndo desde os 17 anos, Raimundo possui diversos títulos no ciclismo Estadual como o tricampeonato da Agnaldo Acher Pinto e as corridas ciclísticas Manaus-Itacoatiara e Manaus-Manacapuru. Os troféus e medalhas estão expostos na sala de sua casa, no Alvorada 1, Zona Centro-Oeste.

Barranco abaixo
Casado com dona Maria das Graças Santos, há 35 anos, e pai de Amanda, 35, Alan, 31 e Alex, 17, o ciclista trabalhou como agente do antigo Serviço Nacional de Informação (SNI), temido órgão na ditadura militar. “O pessoal brincava que eu corria só para me infiltrar. Os militares me apoiaram no esporte. Sempre fui atleta. Não espionava ninguém (risos)”, revela.

Seu Raimundo também protagonizou alguns “causos” no esporte local. Nas corridas disputadas nas rodovias amazonense, ele se utilizava da “malandragem” para deixar os rivais de outros Estados para trás. “Como não havia fiscalização no meio da estrada, eu emparelhava com os adversários e os empurrava. Xingava, prometia derrubar e derrubava (risos). Uma vez um caiu barranco abaixo”, lembra. “Outra vez, em uma corrida Archer Pinto, eu ‘peguei carona’ na traseira de um carro. O Arnaldo Santos, na época, quis me eliminar de qualquer jeito. Ele dizia que era uma vergonha ganhar daquele jeito (risos)”, recorda.

‘Cutucada’no freio para derrotar rival
Os maiores embates no ciclismo amazonense foram protagonizados por Raimundo Almeida e Orlando Pimentel. A rivalidade era tanta que volta e meia, as corridas ciclísticas terminavam em confusão. Uma das disputas épicas entre as duas figuras aconteceu em 1962, na corrida que inaugurou a AM-010. Os ciclistas largaram de madrugada, em frente ao palácio do Governo e pegaram a estrada. Poeira, travessia de balsa e terreno acidentado eram algumas das dificuldades. “Faltavam 5 km e nós começamos a avistar Itacoatiara. Eu estava na frente. Deixei ele encostar. Dei uma ‘cutucada’ no freio e ele saiu rolando no asfalto. Segui para vitória. Fui recebido pelo Prefeito, que fez questão de me abraçar, mesmo eu estando todo sujo de barro. E foi aquela festa doida. O Orlando chegou depois, disse que não ia ficar daquele jeito. E a ‘porrada comeu’ (risos)”, relembra. A rivalidade, porém, foi interrompida há cerca de quatro anos, quando Pimentel faleceu. Para Raimundo Almeida, os ciclistas amazonenses da atualidade possuem bons equipamentos, competições organizadas, mas estão deixando a desejar. “Não entendo porque não conseguimos destaque”, completa.

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