Arquitetura de Manaus é destacada em revista.


Raízes indígenas com um toque nordestino, sulista e até estrangeiro, assim podemos descrever a origem de Manaus e suas características. Banhada pelo rio Negro e contemplada com a floresta amazônica, a capital do Estado completou 346 anos em franca evolução. Mudanças constantes, crescimento descontrolado são apenas alguns aspectos que podemos destacar dentro desse panorama.

Chamada de “Paris dos Trópicos” e eternizada pelo poeta Aldisio Filgueiras como “Porto de Lenha”, a cidade reúne alguns apaixonados que buscam preservar sua história. Foi pensando nisso, que o jornal Amazonas EM TEMPO divulgou em sua edição do último sábado (24), a revista ‘Manaus 346, velhos endereços, novos destinos’, buscando resgatar e apresentar aos leitores o desenvolvimento da cidade nas últimas décadas.

A iniciativa fez sucesso entre os admiradores da capital. Como por exemplo, o professor universitário Otoni Mesquita, 62. Famoso por seus estudos e livros publicados sobre Manaus e sua arquitetura, o docente afirma ser válida a publicação para recuperar alguns padrões destruídos com o passar do tempo.

“A questão do uso da imagem, do texto da própria cidade, reforça o auto reconhecimento e a valorização como identidade dessas criaturas que nela habitam. Aprendemos e fixamos por meio de imagens. A questão de mesclar o ontem e o hoje é sempre interessante, porque as pessoas não têm referência. Às vezes, não sabem nem o nome de uma rua, um aspecto que acho lamentável”, observa Mesquita, que também ressalta que a revista pode ser utilizada como documento pelo fato de ser impressa.

“As pessoas vão com o tempo, apagando o passado, as memórias. Com as novas tendências de sobreposições de informações e mídias, as pessoas não fixam. É muito importante que se recupere alguns padrões, sobre tudo impresso. É um tipo de material que permanece com maior durabilidade. Pelo menos, pode ser reconsultado. Eu, como historiador mais conservador, faço referencial ao papel impresso e datado, porque o virtual se dilui e desaparece”, pontua.

Otoni compara sua ligação com a cidade com a de um adolescente e seu primeiro amor. Apesar de todos os problemas, ele afirma que não consegue se distanciar de Manaus. “É como se fosse uma namoradinha pela qual fui muito apaixonado e de repente se tornou uma mulher, um pouco autônoma demais, diria até vulgar, que tem uma série de vícios, mas você continua vinculado a ela. Posso estar sendo muito romântico, mas temos que cobrar de todos os setores um comprometimento de ser amador, no sentido de amar. Temos que ir à luta, estar vinculado, não estamos emocionalmente ligados ao aspecto da cidade. Se isso não existe, como vamos defendê-la? ”, questiona.

Preservação

Um dos aspectos que Otoni mais defende é a preservação das belezas naturais do Estado. O professor afirma ser muito fácil achar tudo lindo pelas mídias sociais, porém, as mesmas pessoas defendem a derrubada de mais de 40 árvores para dar espaço a um estacionamento. Para o historiador, é possível fazer uma média entre mudar e manter, e mesmo assim continuar evoluindo a estrutura da cidade.

Por Thiago Fernando, do portal Em Tempo
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