A cidade do Castro, no Chile, possui uma vila construída sobre palafitas que passam a cada ano, por um período de requalificação.
As palafitas de Pedro Montt, um dos três bairros de palafitas de Castro, estão na lista de contribuições à cidade, ajudando a imagem da cidade com seu valor cultural. nos últimos tempos, o bairro Pedro Montt vem recuperando-se, reabilitando-se, para ser parte de um próspero atrativo turístico na cidade, renovando seu colorido e infraestrutura, que até então era uma imagem preocupante para o valor cultural e histórico de Chiloé (um arquipélago ao sul do Chile).
Palafito Sur (prédio em destaque na foto) coloca a primeira pedra de numerosas construções que estão a caminho de, uma reciclagem cuidadosamente estudada, de poucos recursos, que oferece a seus visitantes, em sua maioria estrangeiros, e ao seu entorno, a experiência de habitar sobre o mar, e de fazer desta intervenção uma contribuição à reciclagem, ao espírito do bairro e a cidade.
Em Manaus, muitos estudantes de arquitetura e até arquitetos vêm promovendo um amplo debate sobre a preservação da paisagem cultural das palafitas em Manaus. Vários projetos de estudantes sobre a requalificação dessas construções sobre o igarapé ou rio, já foram defendidas em bancas julgadoras de trabalhos de graduação. São projetos que mostram SOLUÇÕES viáveis, para tirar o aspecto degradante da atual situação que se encontram milhares de famílias que moram nessas habitações há décadas, e que hoje estão totalmente ameaçadas pela política de GENTRIFICAÇÃO do Prosamim, que avança com força total, para retirar não só as famílias, mas retirar o que resta de natural dessas paisagens urbanas, como as margens dos igarapés e as dezenas de praias naturais existentes.
É CULTURAL da região da Amazônia a ocupação por palafitas, não queremos defender que haja mais ocupações desta forma na área urbana de Manaus, queremos sim, defender as que existem, mesmo com aspecto degradante, podem ser requalificadas e dotadas de valor arquitetônico e cultural, pois elas se integram na paisagem da cidade.
Muitos artistas plásticos, escultores, músicos, poetas e escritores têm referências nessas paisagens para compor suas obras, muitas delas premiadas e valorizadas por retratarem a vida CULTURAL dos ribeirinhos em Manaus.
Os Ribeirinhos não nasceram aqui, eles se ocuparam dessas terras às margens de igarapés e da orla da cidade, após a retirada da cidade flutuante que existia no bairro dos Remédios. Muitos foram para outras comunidades em terra firme, como São José, São Jorge e outros bairros que se formaram, mas alguns fincaram suas estacas nos barrancos e começaram a se aglutinar e hoje formam, uma das paisagem que se contrasta com o desenvolvimento da cidade, mas são relações que podem se integrar perfeitamente, se houver um programa sério de requalificação e urbanização.
Imagina se tivessem que demolir todas as favelas do Rio de Janeiro, que paisagem contrastante teria a cidade? Só condomínios de luxo? Que cidade queremos, se podemos fazer a integração de todos de forma pacífica e justa para milhares de famílias.
A arquitetura e o urbanismo existem para solucionarem esses problemas de desigualdades em áreas urbanas. Porque nunca se faz uma amplo e justo debate sobre isso?
Fica a reflexão, mas fica a indignação por este projeto que está eliminando a imagem Amazônica da cidade.
Tudo é possível, basta querer!
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