Um dos principais registros da arquitetura moderna paulista, o edifício sede do Departamento São Paulo do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP) foi tombado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural nesta quarta-feira, 25 de novembro, em reunião que acontece no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Brasília.
O IAB-SP foi criado em 1943, e a necessidade de ter um espaço próprio levou à realização de um concurso público nacional de arquitetura, em 1946, para a escolha do projeto da sede. Por decisão do júri, composto por Oscar Niemeyer, Firmino Saldanha, Hélio Uchôa, Fernando Saturnino de Britto e Gregori Warchavchik, as três equipes finalistas desenvolveriam o projeto definitivo em conjunto. Assim, com autoria de Rino Levi, Roberto Cerqueira Cesar, Miguel Forte, Jacob Ruchti, Galiano Ciampaglia, Zenon Lotufo, Abelardo de Souza e Helio Duarte, foi erguido um dos principais registros arquitetônicos de São Paulo entre 1947 e 1950.
A participação de arquitetos com diferentes formações revelou-se uma associação democrática dos projetos participantes do concurso, como um resumo da arquitetura paulista do período. O edifício se destaca por sua estrutura independente, com planta livre que garante maior flexibilidade no manejo dos espaços. Por causa do Código de Construção da época, as fachadas dos dois últimos andares são recuadas e a laje do piso em balanço vai até o alinhamento do lote, permitindo a manutenção da leitura prismática, e tendo sido recuados apenas os caixilhos.
Espaço de debates e defesa de uma arquitetura progressista, preocupada com as lutas sociais, a sede do IAB-SP era um local importante de encontro de intelectuais paulistas, tendo incorporado obras de arte de altíssima qualidade nos anos seguintes à sua inauguração, a exemplo do mural de autoria de Antônio Bandeira, no térreo, e do móbile intitulado Black Widow (Viúva Negra), de Alexander Calder, atualmente exposto na Tate Modern de Londres. O acervo do instituto conta ainda com uma escultura atribuída a Bruno Giorgi, no escritório do instituto, no 4º andar, e um mural de Ubirajara Ribeiro no 1º andar.
IAB
O Instituto de Arquitetos do Brasil foi fundado no Rio de Janeiro, então capital da República, em 26 de janeiro de 1921, com o nome de Instituto Brasileiro de Architectura, recebendo a atual denominação em 1934. É a mais antiga instituição brasileira dedicada à arquitetura, ao urbanismo e ao exercício da profissão. Sua história se confunde com a própria formação e afirmação do campo profissional do arquiteto e com a consolidação da arquitetura moderna, tendo, desde sua criação, se preocupado com a promoção da profissão e discutido a formação e o próprio exercício profissional.
Dessa forma, a motivação para o tombamento federal está respaldada em valores históricos, visto que o imóvel é representativo da trajetória e elemento de afirmação da arquitetura moderna brasileira, bem como da profissão de arquiteto, representada pelo papel desempenhado pelo IAB. Há também os valores artísticos do edifício, como bem de destaque da arquitetura moderna, já reconhecido no meio técnico e acadêmico.
Conselho Consultivo
O Conselho que avalia os processos de tombamento e registro é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 23 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
Fonte: IPHAN e IAB/SP
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