A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) completa 70 anos mais atual do que nunca.
Criada logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, com a missão de construir a paz e evitar a repetição dos horrores que acabaram com milhões de vidas, a UNESCO tem pela frente o desafio de oferecer alternativas à crise de humanismo que marca este início de século 21.
Em um mundo onde os conflitos armados e a desigualdade econômica produzem multidões de refugiados e excluídos, a atuação da UNESCO torna-se ainda mais necessária. Nos últimos 70 anos, a Organização tem aproximado pessoas, buscado o entendimento e promovido a cultura de paz e a inclusão social. Sua atuação se dá primordialmente por meio de ações nas seguintes cinco áreas de mandato: educação; ciências naturais; ciências humanas e sociais; cultura; e comunicação e informação.
“A UNESCO é a agência intelectual do sistema ONU e historicamente cumpriu o papel de laboratório de ideias para ajudar a transformar o mundo. É de extremo simbolismo o relato do ex-presidente Nelson Mandela, de que lia publicações da UNESCO para saber o que se passava no mundo, enquanto esteve preso durante o apartheid, na África do Sul”, diz o Representante da UNESCO no Brasil, Lucien Muñoz.
A aprovação, neste mês de novembro, do Marco de Ação Educação 2030, espécie de guia para que o mundo atinja metas de melhoria da qualidade do ensino até 2030, é o mais recente capítulo de um longo compromisso da UNESCO com a educação. Da reconstrução de escolas destruídas na Segunda Guerra à publicação, em 1947, do primeiro dos milhares de livros que já editou, a Organização lidera a mobilização internacional para erradicar o analfabetismo entre jovens e adultos e garantir o acesso das crianças à escola, com ênfase nas meninas e na luta pela igualdade de gêneros.
Uma campanha para salvar monumentos egípcios na década de 1960 deu origem ao Programa do Patrimônio Mundial, dedicado à preservação de sítios de valor universal para a humanidade. Dezenove cidades, áreas ou edificações brasileiras estão na Lista do Patrimônio Mundial, nas categorias cultural, natural e de paisagem cultural. Entre elas, Brasília (DF), Ouro Preto (MG), o Parque Nacional do Iguaçu (PR) e o Rio de Janeiro (RJ).
A UNESCO foi também uma das primeiras vozes a defender a proteção ambiental, ao fazer um alerta sobre a redução da biodiversidade no planeta. Em 1971, a Organização lançou o Programa O Homem e a Biosfera (MAB, na sigla em inglês), que busca conciliar o uso e a conservação de recursos naturais – embrião do conceito de desenvolvimento sustentável.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pelas Nações Unidas em 1948, lançou as bases do trabalho da Organização nessa área, incluindo aí o combate ao racismo e à xenofobia, bem como a defesa da igualdade e da equidade. Promover sociedades mais inclusivas está entre os objetivos que guiam as ações da UNESCO.
A Organização também promove e defende a liberdade de expressão, assim como o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na educação ao longo da vida. Na década passada, a UNESCO participou ativamente do debate internacional sobre o uso dessas tecnologias, que estão na origem do conceito de Sociedades do Conhecimento.
A data que deu início aos 70 anos celebrados na próxima segunda-feira foi 16 de novembro de 1945. Nesse dia, representantes de 44 países aliados, reunidos em Londres, no Reino Unido, adotaram a Constituição da UNESCO. Atualmente a Organização é formada por 195 Estados-membros e 9 membros associados, nos cinco continentes. Um trecho da Constituição da UNESCO sintetiza o seu espírito de atuação: "Uma vez que as guerras se iniciam nas mentes dos homens, é nas mentes dos homens que devem ser construídas as defesas da paz".
A sede da UNESCO fica em Paris, na França. No Brasil, a Organização atua desde 1964, sendo que seu escritório, em Brasília, foi instalado em 1972.
“O Brasil avançou muito nas últimas décadas, mas ainda tem desafios. É um país que deu grandes saltos de inclusão social, conseguiu matricular praticamente todas as crianças na escola, mas ainda precisa melhorar a qualidade do ensino. Podemos afirmar que a UNESCO já contribuiu para o alcance de muitas metas para as quais foi criada. Entretanto, acabamos de desenhar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030. Estamos prontos para os próximos 70 anos”, diz a diretora da Área Programática da UNESCO no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto.
A Representação da UNESCO no Brasil atua em projetos para melhorar a qualidade da educação, erradicar a pobreza, promover o respeito aos direitos humanos, dar acesso à cultura e ao esporte, garantir direitos fundamentais e promover a cultura de paz. A UNESCO trabalha por meio de cooperação técnica, em parceria com os três níveis de governo – federal, estaduais e municipais –, a sociedade civil, as organizações não governamentais, as universidades e o setor privado.
Fonte: Unesco
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