Remando a favor do banzeiro

O pioneirismo do esporte aquático em Manaus, através do remo, passou por diversos momentos de crise por falta de apoio e patrocínio, no início deste ano de 2013, a prefeitura de Manaus anunciou a revitalização da Escola de Remo de Manaus que fica na praia da Ponta Negra, fundada há 13 anos, sempre manteve sua atividade, mesmo em alguns momentos sem atividades, mas a prática do remo na capital do Amazonas já existia há mais de 100 anos.

Uma cidade banhada pelo maior rio do mundo, o rio Negro é pouco explorado por práticas aquáticas, um rio calmo, sem ventos fortes de um imenso potencial para que o poder público incentive atividades como remo, natação, canoagem, snowboard, polo aquático, stand up paddle e muitos outros. Somos dotados de aspectos naturais que favorecem muito para que sociedade tenha acesso imediato ao rio, mas muitos deste espaços estão encobertos por muros e propriedades particulares que se apropriaram de áreas públicas, com um ordenamento da orla fluvial, e com a reestruturação de alguns igarapés promovido pelo Prosamim, estes espaços poderiam abrigar estruturas para outras mini escolas de remo espalhadas por diversos pontos da cidade de Manaus.

No início dos anos 2000 tive o meu primeiro contato com prática do remo, quando a Escola de Remo foi fundada na praia da Ponta Negra. Todas segundas, quartas e sextas, acordava às 4h para ir iniciar meus treinos de iniciante durante 1 hora de uma puxado exercício de fortalecimento muscular e teorias sobre os equipamentos utilizados. depois de um bom tempo de treino em terra firme, pude com grande expectativa ir para água colocar em prática tudo que aprendi. A sensação de estar praticamente no meio do rio, me sentia minúsculo perante a imensidão da água, era uma visão que causava uma constante reflexão sobre o que somos e onde estamos, ouvir a calmaria daquele momento ser quebrada apenas pela brisa que passava pelo movimento do remo. Bons tempos foi este, mas que agora pode ser retomado, mesmo a escola não ter parado sua atividade ao longo desses anos, agora posso retomar esse prazer que é indescritível e só quem é caboclo, sabe o que é remar pelo imenso rio Negro, o mar da Amazônia.

O remo em Manaus

Imagem ilustrativa de prática da remo - Manaus em 1879.


Ponte Romana I (avenida Sete de Setembro, em Manaus).
Lugar onde era constante as práticas de remos
No Amazonas o remo é uma das modalidades mais antigas, e teve sua origem nos fins do século XIX e início do século XX. Naquele tempo, era um dos esportes mais apreciados na cidade. Os clubes náuticos da época eram: o Manaus Ruder Klub, fundado pelos alemães, e cuja garagem flutuante, armada em zinco, geralmente se abrigava ao pé do igarapé de Manaus, atrás do Palácio Rio Negro; o Clube Amazonense de Regatas, com sede vasta, armada sobre pilares de pedra, localizava-se na Escadaria dos Remédios; e o Grêmio Náutico Portugal.

Igarapé Bitencourt, ponte Romana em Manaus, onde se fazia a prática do remo.
Imagem ilustrativa de embarcações com prática de remo em Manaus. 
As regatas, que atraíam muitos aficionados, eram disputadas no Rio Negro, em domingos de águas tranquilas, num percurso que ia do São Raimundo até o Paredão; ou no próprio igarapé dos Educandos.1 Nos domingos, entre os hábitos dos amazonenses, incluía-se os passeios ao cais do porto. Crianças, jovens, homens e mulheres trajados com suas melhores roupas, reuniam-se naquele local para assistir a provas de remo. Uma das festividades comemoradas com grande júbilo pelos clubes náuticos, era o dia da Independência do Brasil, com a realização de um campeonato de regata na baía do Rio Negro. Era uma tarde de vibração cívico-desportiva. Os torcedores, o povo, nas primeiras horas da tarde, lotavam o Porto de Manaus, a beira do rio, e também as embarcações embandeiradas; enfim, era um entusiasmo esportivo em homenagem a Mãe Pátria.


Em meados dos anos 1940, os antigos clubes foram retomados por abnegados, que voltaram a competir entre si e resgataram o glamour de outrora. Dos anos de 1970 até meados dos anos 1990, o remo no Amazonas ficou no ostracismo, devido ao fato de encontrar-se em situação irregular perante a Confederação Brasileira de Remo, sendo proibido de participar de competições oficiais. Em 1997, com o Desafio Internacional entre as Universidades de Cambridge e Oxford, mais a participação da Seleção Brasileira de Remo, realizado nas águas do Rio Negro, no percurso entre o Roadway e a praia da Ponta Negra, a Federação Amazonense ressurge com uma nova proposta: revitalizar o esporte, proporcionando infra-estrutura aos clubes e, principalmente, aos atletas. Foi através do trabalho desenvolvido pelo presidente, à época, o senhor José Augusto de Almeida, que a Federação Amazonense de Remo foi regulamentada e reorganizada administrativamente. Os primeiros anos foram de reestruturação e de embate pelo resgate da credibilidade do remo amazonense.

Fonte do texto: Escola de Remo de Manaus.



No livro Evocação de Manaus, do ex-senador Jefferson Peres – As competições oficiais eram realizadas no Rodoway, sempre na Semana da Pátria, existiam três clubes – O Clube do Remo (antigo Manaus Ruder Klub): fundado por alemães, tinha a sua garagem de zinco (hoje está atracado embaixo da ponte de Educandos), no Igarapé de Manaus, com acesso pela Ponte Cabral (I Ponte da 7 de Setembro) – O Clube Amazonense de Regatas: ficava as margens do Rio Negro, na Escadaria dos Remédios – O Grêmio Náutico Portugal: com sede na orla do Rio Negro, no início da Avenida 7 de Setembro.


Praticavam várias modalidades: Skiff, Canoa e Out-Rigger. As competições eram realizadas na baia do Rio Negro, com partida em frente aos coqueiros do bairro de São Raimundo, com a linha de chegada em flutuantes colocados em frente ao Rodoway. Os atletas de destaque eram: Walmir Robert, Simão Abnader e Francisco Reis Filho. Havia também o “Water-Polo”, praticados pelos atletas do Remo – as raias eram armadas ao lado das garagens dos remos; disputavam em pé de igualdade com os times do Navio-escola Almirante Saldanha (brasileiro) e Apollo (esquadra inglesa).


GALERIA DE IMAGENS DA ESCOLA DE REMO EM MANAUS





















Contato Escola de Remo de Manaus: escoladeremo@gmail.com

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Sobre Keyce Araújo

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