Em um debate realizado na Rádio CBN Amazônia, o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas, arquiteto Jaime Kuck abordou o tema sobre a proposta lançada pela prefeitura que trata do Plano Diretor de Drenagem da cidade, que deve ser apresentado dia 13/11.
O Plano Diretor Urbano e Ambiental de Manaus, lei aprovada em novembro de 2002, exigia a aprovação do Plano de Drenagem em um prazo máximo de dois anos. Portanto a Prefeitura de Manaus atrasou esse Plano vital para a cidade em onze anos, e os prejuízos disso são visíveis na qualidade ambiental do espaço urbano, como nas alagações e na conservação da pavimentação de nossas ruas.
Além do atraso do Plano de Drenagem, outras variáveis negativas unidas conspiram contra nossa cidade. O fenômeno “Ilha de Calor” que é o sobreaquecimento da cidade em função da coleta da radiação solar nas áreas pavimentadas, asfalto, viadutos, telhados, queima de combustíveis fósseis, poeiras, etc. criam uma zona da baixa pressão atmosférica que provoca maior concentração de umidade e partículas em suspensão. Isso interfere no volume das chuvas especialmente em grandes picos de precipitação. Antigamente essa água era absorvida lentamente pelo solo e vegetação e mais lentamente drenava até os igarapés. Com a redução da vegetação e impermeabilização do solo essa água rapidamente escoa para os igarapés em um volume muito maior.
Antigamente nossos igarapés eram cheios de meandros (curvas) isso significava maior volume de retenção. Hoje nossos igarapés foram retificados e parte deles canalizados, diminuindo a área de escoamento e aumentando a velocidade da água. Hoje nossos igarapés estão assoreados pela areia vinda de terraplanagens feitas em períodos chuvosos sem um projeto de contenção de sedimentos. Nossos igarapés tinham áreas alagadiças (wetlands) que funcionavam como retenção que foram aterrados.
Quem não lembra da beleza dos densos açaizeiros, buritizais, das embaúbas e mungubas onde hoje funciona uma revenda de carros japoneses ao lado do Mindú, próximo ao viaduto da Paraíba?
Um Plano Diretor de Drenagem, não pode apenas promover a correta instalação de uma eficiente rede de drenagem, mas disciplinar terraplenagens durante o nosso inverno amazônico, exigir planos de contenção de sedimentos, coibir a excessiva impermeabilização do solo, estimular a coleta e armazenamento das águas pluviais, promover a recuperação das matas ciliares, proteger as nascentes, coibir ocupações em áreas úmidas e o leito secundário dos igarapés, ocupados pelo excesso normal de água no período das chuvas abundantes.
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