Programa de compartilhamento de bicicleta em Manaus precisa obedecer uma lógica simples.

A proposta de implantar um sistema de compartilhamento de bicicletas em duas áreas em Manaus, no Centro e na Ponta Negra, parece estar ligada à uma ideia de que bicicleta ainda é vista apenas como lazer.


Bicicletas públicas funcionam muito bem em cidades que fornecem uma simples e boa infraestrutura para pedalar com segurança. O arquiteto Jan Gehl, da Dinamarca, por exemplo aborda que o programa de bicicletas públicas precisam seguir acompanhadas de uma política de segurança para quem pedala, não é apenas colocar bicicletas a disposição da sociedade, seja para moradores ou turistas, pois antes de ofertar, é preciso fazer com que as bicicletas façam parte do conceito de transporte integrado na cidade, e não tratar de forma isolada, ou como um carrossel circulando em uma pequena área apenas por lazer, precisa fazer parte da política de mobilidade, e criar estações conectadas com a malha viária em diferentes regiões.

Tratar a bicicletas como lazer, não ajuda a fomentar a ciclomobilidade, ou seja, à prática de se deslocar por bicicleta, seja para o trabalho, para a escola ou para o comércio.

Cidades que implantaram esse sistema há 40 anos,  por exemplo, como é o caso do compartilhamento de bicicletas brancas de Amsterdã, não vingou muito na época, até porque a cidade estava passando por uma transformação nessa questão da prioridade pelo uso de bicicletas na década de 70, só veio se aperfeiçoar nos anos 90, já com uma rede de ciclovias bem estruturada, e era usada mais por turistas, já que os moradores tinham suas próprias bicicletas. Em Paris também houve a adoção do uso de bicicletas compartilhadas, na década de 80, a Vélib de Paris foi usada principalmente pelos moradores, em 2008, esse sistema foi aumentado para 20mil bicicletas espalhadas por 1.500 bicicletários na cidade. Todas estas cidades apresentam uma infraestrutura mínima para a segurança de quem pedala. O tráfego de bicicletas e a segurança para quem pedala deve ser levado a sério. Estudar experiências de boas cidades, devem ser incorporadas antes de se experimentar campanhas de bicicletas baratas, de aluguel.

As bicicletas públicas não devem ser a ponta da lança para fomentar esforços para construir e reforçar a cultura das bicicletas, esse sistema precisa ser um elo, junto ao sistema de infraestrutura cicloviária,  para que possa ser um sucesso e tenha vida longa.

O número de ciclistas aumenta à medida em que se oferta uma rede permeável à malha urbana, com ciclovias, para atrair naturalmente ciclistas que estão inseguros, reprimidos pela falta de segurança viária.

Belém por exemplo, tem um sistema de compartilhamento, mas oferta também uma boa rede cicloviária, mesmo que pequena, assim também como Rio de Janeiro, Bahia,  Fortaleza, São Paulo e muitas outras cidades brasileiras. Manaus precisa avançar muito na política cicloviária, mas para evitar mortes no trânsito. Eu apoio esse sistema, desde que venha acompanhado com uma rede cicloviária!
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