A importância das árvores ganha cada vez mais espaço na pauta das cidades. Além de essenciais para o combate às mudanças climáticas e para o visual do ambiente urbano, proporcionam conforto para as pessoas com suas sombras, amenizando o efeito das altas temperaturas. Ainda assim, há quem ache que cortá-las é o caminho para aumentar as áreas de construção e desenvolvimento.
Mas e se vantagens econômicas forem somadas às vantagens ambientais? Uma pesquisa realizada por cientistas do Serviço Florestal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA Forest Service) mostra que as árvores também ajudam a economizar o consumo de energia nos edifícios, o que reflete diretamente nas contas de luz.
Os dados mostram que as casas dos Estados Unidos gastam estimados 10,18 bilhões de Btus, sendo 47,7% dessa energia proveniente de aquecedores e aparelhos de ar-condicionado. “Esse consumo de energia não apenas tem custos monetários substanciais para os residentes, mas também gera custos associados às emissões de poluentes atmosféricos provenientes da produção de energia”, diz o estudo.
Nesse sentido, não é surpreendente como as árvores podem ajudar na economia: produzem sombra, bloqueiam ventos e reduzem as temperaturas através da evaporação da água das folhas (transpiração e arrefecimento). Com isso, durante o verão, é reduzida a necessidade de condicionamento de ar. No entanto, durante o inverno, essa mesma sombra deixa o ambiente mais frio e incentiva as pessoas a ligarem os aquecedores.
Essa questão foi levada em conta pelos pesquisadores, que consideraram onde as árvores estavam localizadas em relação à luz do sol e à velocidade do vento, e o quanto de suas folhas caíam durante o outono e o inverno. Também foram combinados dados de campo com mapas locais para chegar a uma estimativa nacional.
O resultado estimado é que as árvores nos EUA ajudam a economizar cerca de US$ 7,8 bilhões ao reduzir os custos de energia a cada ano, e cerca de US$ 3,9 bilhões anuais com a redução de emissões. De acordo com a pesquisa, focar o plantio de árvores em áreas com maiores densidades populacionais, mesmo sendo apenas 3,6% de toda a área do país, já levaria a uma grande economia.
Ou seja, a solução não é sair plantando em qualquer lugar, mas pensar no tamanho, na espécie e na direção que a árvore vai ser colocada. Por exemplo, a pesquisa explica que “embora os resultados variem de acordo com a zona climática, em geral, grandes árvores no lado oeste dos edifícios fornecem a maior redução média no consumo de energia de refrigeração, enquanto grandes árvores no lado sul tendem a levar a um aumento ainda maior no uso de energia durante o inverno”.
Economia no transporte
Outra forma de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e gerar economia é investindo no transporte ativo, pensando no desenvolvimento das cidades de forma que o ambiente seja propício para deslocamentos a pé, por exemplo. E um dos oito princípios da calçada, defendidos pelo WRI Brasil Cidades Sustentáveis, é ter um espaço atraente, que pode ser aprimorado com a vegetação. A árvores que gera sombre e se mostrou eficiente para a economia na pesquisa americana, também proporciona conforto e protege os pedestres do tráfego de veículos, reduz o risco de inundações, valoriza as propriedades e cria estética positiva para o comércio .
Uma análise foi realizada na cidade de Maceió, Alagoas, com o objetivo de identificar a importância da vegetação na redução do consumo energético, e evidenciou o efeito amenizador da temperatura do ar proporcionado, reduzindo os valores sobretudo nos horários entre 9h e 15h. As áreas arborizadas também apresentaram um aquecimento mais lento.
As árvores, portanto, passam a contribuir com a saúde das pessoas tanto no aspecto físico, a partir de um ar mais puro e mais conforto para caminhadas, quanto no financeiro, ao contribuir para reduzir a conta de luz. Resta encontrar formas de melhorar a vegetação das áreas urbanas, incluindo essa preocupação desde o princípio do planejamento.
Fonte: The City Fix Brasil
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